ABISMAL
Penso.
E a rua fica comprida,
o horizonte, distante.
Penso,
E o abismo vai se criando
Enquanto ando.
Penso.
E na névoa, há dores,
Fora dela, as cores.
Penso.
E o pintor se atira
Ao abismo dos pincéis.
Não penso.
E o pensar me esquece
Pra que o poema se expresse
Entrego-me.
E a tela em branco, abismo profundo,
Traz-me de volta ao mundo.
Carmen Regina