Eu gosto das palavras com aroma de orvalho,
de todas as que escorrem pelas folhas pequenas;
se, no início, vêm poucas, em seguida, às dezenas,
entre o céu e a terra, constelações e atalhos...
Eu gosto mesmo das palavras, doces fluidos,
as que transformam a paisagem em delírio,
palavras que aos olhos exaustos são colírio,
palavras que perdoam pecados e descuidos...
Palavras que deságuam nas cachoeiras da vida,
e nessas mesmas cachoeiras brotam flores,
e nessas mesmas flores fazem pirueta...
Eu amo a palavra da lei, como também a proibida,
que ser poeta é transgredir legalmente os sabores
onde as palavras mostram suas almas de borboleta
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