(Martha Medeiros)
Quanto tempo a gente perde na vida?
Sim, depois de nascer, a gente demora pra falar,
demora pra caminhar, etc.
Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos
anos inteiros.
E aí, mais tarde, demora pra entender certas coisas.
E levamos um século para aceitar o fim de uma relação.
E outro século para abrir a guarda para um novo amor.
Demora, também, pra dar o braço a torcer.
Viramos adolescentes (aborrecentes) teimosos e dramáticos.
E demoramos para tomar uma decisão.
Quando, já adultos, demoramos para perdoar um amigo,
demoramos para dizer a alguém o que sentimos.
E só aí a gente descobre que o nosso tempo não pode
continuar sendo desperdiçado.
Até que um dia a gente faz aniversário: 37 ou 41 anos.
Talvez 50 e tal....
Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto.
Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente
estivesse com o jogo empatado, no segundo tempo, e
ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro,
ou fazer tabelas desnecessárias.
Quanto esbanjamento.
Pois tudo o que a gente quer, depois de uma certa idade,
é ir direto ao assunto.
E esquecemos que não falta muito pro jogo acabar...
Sim, é preciso encontrar logo o caminho do gol.
Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso.
E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.
Excetuando-se no sexo, onde a rapidez não é louvada, pra
todo o resto é melhor atalhar.
Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando.
Não esperam sentadas, não ficam dando voltas e voltas.
E não necessitam percorrer todos os estágios.
Não desperdiçam mais nada.
Queimam etapas.
A resposta do emprego ainda não veio?
Procure outro enquanto espera.
Uma pessoa é sempre bruta com você?
Não é obrigatório conviver com ela.
Paciência para aquilo que vale nossa dedicação.
Paciência só para o que importa de verdade.
Paciência para ver a tarde cair.
Paciência para degustar um cálice de vinho.
Paciência para a música e para os livros.
Paciência para escutar um amigo.
O maior possível!
Pra enrolação, um atalho.