ESCREVE-ME...
Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d′açucenas!
Escreve-me! Há tanto, há tanto tempo
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d′oração!
"Amo-te!" Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d′amor e felicidade!
Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então... brandas... serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...
Florbela Espanca, in "O Livro D′Ele", 1915-1917