Há amores que são acidentes.
Você acorda como se estivesse sido atropelado, sem condições de entender o choque, a distração, o momento em que atravessava a sua vida e que não olhou a um dos lados.
Você acorda como se estivesse sofrido uma pane no avião e aterrissado de barriga na pista, sem o trem de pouso. A memória do medo só traz fragmentos do lugar, a sonoplastia dos gritos, em flashbacks aleatórios. Voava em seus sonhos e se perdeu da correspondência dos fatos.
Você acorda como se estivesse enfrentado uma colisão de carro, e foi salvo pelo cinto de segurança. Não tem ideia de como não percebeu o outro veÃculo vindo em sua direção, como negou os sinais de trânsito, o raciocÃnio lógico, estranhando a própria falta de cuidado.
Nem sempre aprendemos com os erros, desaprendemos a nos gostar com alguns deles.
Por mais que se diga que toda experiência gera uma lição, há amores que não deveriam ter acontecido. Voltamos feridos para casa. Com uma dor solitária de sobrevivente.
FabrÃcio Carpinejar