Ontem á noite, ai Jesus
Meu coração
disparou
Meus lábios nos da pastora eu pus
E ela de verdade
gostou.
Aqui na Funcheira é custume
Á noite apanhar a
fresquinha
É que o sol quema como lume
E só se está bem á
noitinha.
Atão ontem estava eu
Na explanada com o Xico
Barata
Quando a Pastora apareceu
Tão linda que quase me
mata.
Disse boa noite que é educada
E a gente respondeu
O
Xico achou que já ñ tava ali fazendo nada
Alevantou-se e
desapraceu.
Atão ela contou-me a vida inteira
Em Évora
adonde vive agora
Preguntou-me se queria ir á ribeira
E eu
disse que sim senhora.
Ela disse que tinha saudades de mim
Mas
que nã queria viver na Funcheira
Eu disse que nã queria
conversar assim
Aquela conversa costumeira.
Mas nã
aguentei meu desejo
E áqueles beiços me lancei
Dei-lhe um
grande beijo
E ela gostou do beijo que lhe dei.
Mas depois
eu nã quis mais falar
Porque senti muita emoção
E atão
decidi abalar
Para acalmar meu coração.
Hoje nem tive
coragem de sair
Receando de a encontrar e ver
Atão e agora, a
seguir
Compadres, que heide eu fazer?
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