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Sentença insana.
O que será das flores
Dos perfumes e cores
Do verde e do azul
Da vida de norte a sul
Dos pássaros e colibris cantantes
Dos lobos e das lebres saltitantes
Dos pobres e dos ricos sedentos
Não saciados nos rios fedorentos
Das árvores em brasa e carvão
Vingadas na natureza que em vão
Tenta mostrar-nos a insensatez
De destruirmos a nós mesmos de uma vez.
O que será dos bens acumulados
Quando não puderem impedir
A sentença deste mundo adoentado
Apodrecido pela ganância de possuir.
De que servirá o ouro, a prata e o brilhante
Quando precisarem do ar e da água pura
E o sol, provedor da vida e amante
For também o carrasco que fere sem cura?
Pobre espécie condenada às agruras
Que sob o peso de sua sentença insana
Cambaleia ao abismo do mundo
Cavado pelas próprias mãos.
Ao estatelar-se no fundo,
Não haverá flores, perfumes e cores.
Somente o negrume que se derrama
De sua desmedida ambição.
Lídia Sirena Vandresen (13.02.08)
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