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Louco
Louco sempre fui, disfarçado ou escancarado.
Atropelaram minha infância e me fizeram adulto,
Sem bola, travessuras ou tempo de sonhar acordado,
Vi o mundo triste, desbotado, anjo, no pecado oculto.
Louco, me chamaram quando, debochado, eu ia,
Da vida fazendo festa, sem freios, sem censura,
Caindo na sarjeta, bêbado de álcool e de orgia,
No rosto sorrisos, na alma, vazio e amargura.
Louco, era eu ao sair de casa e enfrentar o mundo?
Louco seria se não tivesse descoberto tudo o que perdia.
E louco fiquei por um sentido de vida mais profundo,
E o encontrei no amor que me arrebatou como magia.
Mas comigo levei a loucura, minha eterna companheira.
E com ela e, por causa dela, a felicidade não pude encontrar,
Nem no amor, na paz ou no sucesso de uma vida inteira.
Louco, caí na estrada, caminhoneiro, trabalhar, viajar.
Não preciso definir o que busco ou o que me falta, enfim.
Se sou louco... Ah, na certa procuro ou fujo de mim!
Lídia Sirena Vandresen. (31.01.08)
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