Poema
Verde
- Jan Muá
Há
um impacto em meus olhos
No opulento e silencioso
E suspenso espetáculo
É o verde-que-te-quero-verde
No prado viçoso e luzidio
Espumando vida
As paineiras altivas carnudas e vitais
Simulam densas matas amazônicas
De taras ancestrais
No quadro da pintura que redesenho
Buritis ousados dançam
No balanço de seus leques asiáticos
Tudo transparece na emoção genesíaca
De canteiros arrumados e de árvores múltiplas
Que urbanizam a academia da natureza
Na tarde de sol místico envolvente
O Éden firma-se aqui
Na exuberância da forma vegetal
Eu sou o espectador de um palco armado
Com o zéfiro bafejando audaz
A aura luminosa do parque
É ele que toca amorosamente as folhas
E traz ânimo aos convivas
Que se refastelam no banquete verde da tarde.