Todos os dias tenho tido aprendizados. Alguns bons, outros não diria ruins, mas que sempre me fazem parar para pensar. Às vezes aprendemos coisas que no momento podem parecer cheias de sabedoria e dias ou anos depois passam a parecer as coisas mais erradas do mundo. Hoje tenho somente 23 anos. Para alguns pouco e para outros muito. Uma das frases que mais ouço é: “Como você parece novinha! Te dava muito menos que 20!”.
Passa um tempo, as pessoas me conhecem, por um café que compartilharam comigo, por um encontro em um lugar conhecido, ou então por me ouvirem falar ou cantar e dizem: “Você não tem 23 anos, tem muito mais aí dentro.”
O que tenho aqui dentro pode ser a força do que vivi até aqui. Casei com 18
anos, com 20 já estava grávida do meu primeiro filho, morando fora do meu
país e casada com um dos melhores jogadores de futebol no mundo. Me
perguntam: “Você sempre sonhou em casar cedo?” Não sonhei com uma
idade, o número em si não me diz absolutamente nada mais do que quantos
anos estamos nesse mundo. Casar com um jogador? Não, não era o que
tinha idealizado para mim. Sonhei com um executivo, ou um príncipe, alguém que usasse terno e eu pudesse arrumar a gravata todas as manhãs.
Quando conheci o Kaká, ele jogava no São Paulo, e ia trabalhar de bermuda
e chinelos. Mas dei uma chance. Queria ver onde chegaria. Acabei me
apaixonando cada dia mais. Um dia ele me ligou, eu tinha acabado de
sair da aula de Educação Física na escola, atendi o celular escondido da
professora: “Oi Bu!”, como eu o chamo, e ele me responde: “Temos que
conversar”. Eu imaginei na hora que ele estaria se mudando de país.
Acertei. Ele acabava de acertar a transferência para o Milan, na Itália. No
mesmo dia em que me ligou, se mudou para o novo destino. Ele não sabia,
mas além de realizar um sonho dele, ele também realizaria um sonho meu:
em Milão, o Kaká ia para o clube de terno e gravata como um executivo.
E por muito tempo foi chamado de “príncipe” pela imprensa italiana.
O casamento com o Kaká significou para mim que, além de viver um grande
amor, minhas responsabilidades começariam cedo. Mas isso nunca significou
deixar de perseguir os meus sonhos. E dos muitos que eu tinha, escolher
um foi difícil. Mas o importante é que apesar de alguns caírem perdidos pelo
meio do caminho, eu já realizei muitos. E venho tentando resgatar todos os
dias aqueles que ainda tenho guardados na memória para que um dia se
concretizem e passem a fazer parte da minha história.
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