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- eu vou botar a carta aqui agr :D
Essa foi uma carta, que na época, o Kaká escreveu para a Capricho, quando ele estava em Ulsan, na Coréia do Sul.
“O dia-a-dia aqui na Coréia até que não tem mexido muito com os meus nervos, não, mas na hora do jogo é outra história. No banco de reservas, fico analisando os adversários e a partida em si, para na hora em que entrar em campo, estar pronto para aproveitar a oportunidade. A ansiedade é grande. Fico pensando nos meus familiares e nos meus amigos. Eles devem estar morrendo de vontade de me ver jogar...
Os mais experientes em seleção me receberam muito bem. Eles me dão muita força, mas é claro que não escapo das brincadeirinhas. Na hora do bobinho [treino recreativo em que um jogador tem que roubar a bola tocada pelos outros], por exemplo, ninguém quer entrar na roda. ‘Quem vai entrar na roda?’ Aí sempre tem um que diz: ‘O mais novo’. E lá vou eu de novo. Mas é divertido. Procuro me relacionar com todos, andar com todos, aproveitar o máximo. Um dia, fico mais próximo de uma turma. No dia seguinte, de outra.
Me identifiquei bastante com o Ronaldo. Ele me deu liberdade. Brincamos de lutinha, porrada, coisa bem de moleque. Com os outros, eu não tenho tanta intimidade, ainda. O Ronaldo, na prática, mostrou tudo que se imagina dele. Um cara carismático e simples.
Na concentração, cada um está no seu quarto sozinho. É uma rotina bem tranqüila. Até gosto, mas sinto mal pelos casados, que deixam a esposa, os filhos em casa, sozinhos. Andaram falando que iam distribuir revistar de mulher pelada para a gente, mas isso é a maior mentira.
Procuro ler a Bíblia, jogo computador, entro na internet para falar com os meus amigos pelo Messenger, ligo para casa. Tenho falado com os meus pais, duas, três vezes por semana. Minha mãe quer saber de tudo. Como estão me tratando, se eu tenho dormido bem, se eu tenho tomado remédio para espinha. Tudo e um pouco mais. Sonho com várias coisas, mas quando acordo não me lembro.
Minha mãe tem procurado cuidar também dos e-mails e cartas que mandam para mim aí no Brasil. Aqui, a relação com os fãs é diferente. Não sou muito conhecido na Coréia e as coreanas são muito tímidas. Elas me pedem autógrafo, para tirar foto, responder carta, nada mais do que isso – muito diferente do Brasil!
Estou sabendo das mensagens que as leitoras da Capricho estão mandando para mim, depois da matéria que saiu na revista. Por isso, adorei poder escrever esse texto. Espero que eu tenha passado a vocês um pouco do que eu estou vivendo aqui. Um beijo grande e obrigado pelo carinho.”
:], tchau :*