Inveja
Era meio dia
E eu senti inveja da sombra
que se escondeu
debaixo do seu vestido
Então comecei a pensar
na sua rotina
e sentir inveja
Senti inveja da torneira
Que você girou
sem notar o gesto que fazia
Senti inveja do sabonete
Que cheirou de olhos fechados
Antes de rasgar seu papel.
Senti inveja dos raios do sol
Que assistiu seu banho.
Senti inveja da água
que tocou seu corpo
feito um beijo molhado
Senti inveja do perfume
Que entornou na ponta dos dedos
Num ato delicado e meigo.
Senti inveja do batom
que tocou apressado seus lábios
Borrando o canto da boca.
Senti inveja da toalha que te
abraçou carinhosamente
Senti inveja da lingerie
que te acariciou íntima e
atrevidamente delicada
Senti inveja do volante do carro
dominado ao seu prazer
Senti inveja do bom dia
Que falou pra tanta gente
Que te viu tão de perto.
Senti inveja do vento
Que despenteou
seus cabelos.
espalhando o perfume
do meu ciúme
Senti inveja do chão
Que sentiu seus passos
podendo assim beijar seus pés
Senti inveja da caneta
Que em algum momento
Escreveu a palavra amor
Senti inveja do sorvete
Que com sabor tão doce
Gelou sua língua quente
Senti inveja das surpresas
que o dia te revelou fazendo
seu coração bater mais forte
Senti inveja daquele degrau
Onde no final da tarde
Você se sentou
e num suspiro de tristeza
Relembrou aquela saudade
que no seu peito se fez cicatriz
Senti inveja da noite
que te envolveu silenciosa
Senti inveja meu amor,
do seu travesseiro
Que na madrugada afagou
sua cabeça e beijou seu rosto
E da cama onde se deitou
junto com todos os seus devaneios
E dormiu num sono suave
Que te fez sonhar apaixonada
Por toda uma noite
Com sabor de uma vida inteira!!!
Josué Basílio Oliveira
2007
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JOSUÉ... UM AMIGO DE PLANTÃO
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