Há quem diga que mais vale um braço quebrado que um coração partido. Não posso discordar. Um braço quebrado dói, um coração partido dilacera. Um braço quebrado leva um tempo para curar, um coração partido uma vida. Uma visita ao hospital, um molde de gesso, o braço está inteiro novamente. Uma visita à casa do garoto, uma foto, o coração está feito em mil pedaços, e mais, se espeta. Pedaço contra pedaço se comprimem, dá pra sentir, tentam encontrar seu lugar mas não há receitas médicas para ajudar. Não há um remédio além do conhecido tempo, mas este demora tanto para fazer efeito que a dor da cura se confunde com a dor da ferida.
Não consigo ficar parada, me mecho e a cada movimento dói mais. A essa altura, caquinhos de coração já se espalharam por toda parte e perfuram cada centímetro de minha pele. Durante o dia, meu corpo parece absorver somente coisas que fazem agravar a situação. Flores, perfumes, fotos, cartas, músicas. À noite, os lençóis com os quais me cubro me lembram sua pele. Meu travesseiro nunca pareceu tão duro, perto às lembranças de minha cabeça apoiada em seu ombro.
Ao crescermos aprendemos a não chorar mais com dores físicas, elas existem, estão lá, sendo sentidas, mas não demonstramos isso. Se ao menos isso acontecesse com minha dor emocional, eu conseguisse uma maneira de parar de chorar, gritar, murmurar, é, eu desejaria crescer rápido.