SILHUETA
Eduardo Baqueiro
Cheguei correndo
e encontrei a porta aberta.
Entrei devagar
para pegá-la em flash.
Não estava na sala,
tampouco no quarto.
Foi então que ouvi você cantando.
A porta do banheiro estava
entreaberta.
Entrei sorrateiramente,
e sentei naquele banquinho
que você usa
para alcançar o armário.
Pensava conhecer seu corpo...
Seus dengos e suas manhas...
Mas sua silhueta me dizia que
havia mais para explorar.
Suas mãos correndo seus detalhes
Com os mesmos carinhos
de minhas mãos.
Teus seios soltos
a brincar com a gravidade.
Suas curvas delicadas
a me provocar.
Sua voz cantarolando nossa canção.
Sentia-me feliz por estar,
naquele momento,
Espiando sua silhueta,
sua intimidade...
Sentia-me feliz por ser
o homem que ama...
Desejava ficar mais tempo
Sentado, escondido a te observar.
Desejava que este instante
não terminasse,
Mas já era hora de sair
Deixá-la a sós novamente com
sua silhueta.