Não refleti seriamente, na realidade isso não interessava,
naquele instante tudo parecia para sempre,
tal como a dimensão do tempo, eram para sempre.
Naquele momento nada mais importava,
se o exterior me poderia incomodar,
se simplesmente saísse de mim
e escorregasse sobre o abismo da impossibilidade,
existir localizar-se-ia a km do meu ponto de abrigo. Do meu ‘eu’.
Enquanto vivia em mim mesma, respirava e transpirava sublimação.
Sublimação do ser, do ter, do fazer, do querer.
Era tudo concomitantemente adaptável.
A diferença na vulgaridade mais próxima assemelhava-se à minha essência.
Ali eu era eu. Contudo vive nessa moradia
tempos infinitos ignorando esse facto,
o que conduzi a sucumbir ao primeiro chamamento
de uma doce tentação. A da emoção.
Que a experiência dita as regras já tinha conhecimento.
Porém dentro de mim a atracção pela emoção sempre foi mais forte.
Era o elo entre o eu e o não-eu.
De entre os arbustos quotidianos
que dividiam uma floresta amena de sensações e inquietudes,
surgiu uma porta. Uma transposição entre um terreno ambientado ao meu "eu"
e uma possível ultrapassagem nesse ambiente criado.
ri, as gargalhadas ao olhar para a porta.
Soletrei as seguintes palavras: ’se eu a transpor vou-me divertir,
vou apenas viver...e como por vezes viver pode ter tantas facetas
e como pode ser tão cómico.’
Abri. Entrei. Prossegui. Desce. Subi. Retrocede.
E quando parei constatei que estava lado a lado a mim mesma.
Aí rodei sobre o meu eixo e apelei à minha consciência.
Tinha fugido de mim própria.
...
Como sempre. No fundo todo o nosso percurso tem um objectivo.
Tem um rumo. O mais correcto, o mais nosso.
Normalmente personalidades avessas ao equilíbrio encontram esta tarefa dificultada,
mas não impossibilitada.