Os dias passam diante dos meus olhos,
mas o meu estado não me permite
fazer mais do que observar os movimentos,
observar a entrada
e expansão desse inverno que cresce
e insiste em roubar de dia para dia
mais uns segundos de luz.
Nada consigo fazer,
nada consigo dizer,
apenas a minha mente se encontra
muito mais activa.
Nela passam rasgos de pensamentos,
como que imagens de um filme
do qual gostamos muito e que já acabou.
Continuamos a ver e a pensar nas personagens,
figurantes que já pertenceram ao enredo principal,
que mereceram lugar de destaque,
mas que foram, não mais voltam.
Por razões incontroláveis
à própria vontade essas personagens
ocupam todo o pensamento,
aparecem em todos os detalhes,
a sua presença sufoca,
torna-se dolorosa.
De uma dor aguda e persistente que entorpece…
nada mais consigo fazer, ou dizer…
Fico estagnada, suspensa no espaço,
num tempo que se esfuma entre os dedos da minha mão
a olhar o nada e vendo nele nitidamente
os contornos dos momentos em que fui feliz!
Se for preciso vasculhar minha mente
em busca de sua imagem,
vou encontrá-la sempre com os olhos úmidos de ...
Apenas sei que em minha mente
ela estará chorando para sempre.
"Problema de expressão"
É contínuo, faz já parte de mim,
penso eu, este meu problema,
esta minha particularidade...
As palavras que uso,
mas principalmente os pensamentos que me povoam,
não são inteligíveis por quem as lê,
ou quem lhes acede!
Por vezes provoca ansiedade,
outras uma tremenda tristeza e desilusão.
Mas apenas sou eu, como todos,
tenho problemas,
este talvez será um dos meus mais frequentes...
Ninguém conheço que leia nas minhas divagações,
o meu mais puro estado de espírito,
a minha forma de estar mais sincera...
Não é nenhum "fosso" cavado,
nenhum estado de "intelecto" construído
com propósitos de abrilhantar
uma existência sem grande significado....
quando recorro às palavras,
quando me deixo guiar por elas,
apenas deixo escapar um fio do grande novelo
que é a minha mente.
Apenas me purifico e organizo!
Sinto-me bem, imensamente bem...
...é já o suficiente para continuar,
não preciso de mais, não o procuro!