Era uma vez, um menino que tinha um pássaro, ele o amava mais do que tudo a sua volta e as vezes os que estavam a volta, achavam que ele o amava mais do que a si próprio.
Onde o menino ia, o seu pássaro também ia. Ia entre os dedos de sua mão direita, onde sentia-se sufocado, e queria fugir. Mas dificilmente o menino deixava uma oportunidade, um dia, em uma grande festa lá estava o menino e seu pássaro. Era tarde e o menino cansado pegou no sono, onde lentamente relaxou seus dedos e o pássaro fugiu...
Quando o menino acordou, ficou desesperado e pensou que ia morrer...
O tempo passou e o menino já conformado vivia bem sua vida sem seu pássaro.
Um dia em seu quarto o menino adormeceu em sua cama e pela sua janela entrava um vento suave e morno...
Ao acordar o menino sentiu algo na sua mão esquerda e pulou de susto e de alegria. Lá estava seu pássaro em sua mão esquerda a se aconchegar, o menino soltou-o e novamente o pássaro voltou, pois ali o pássaro queria estar...
Queria o aconchego...
O menino que sempre conversava com seu pássaro, disse:
- "Vai... pode ir, descobri que te quero livre...".
Então, para espanto do menino que sempre conversava com ele e nunca obteve um olhar ou uma resposta, ouviu:
- "Sabe..." disse o pássaro.
- "Tu falas?" - perguntou o menino.
- "Sim, mas nunca quis te responder, mas agora é preciso, preciso dizer que fui ganhar o mundo e que com muitos quis conversar, muitas noites de frio passei e ninguém me agasalhou, ninguém me amou, mas mesmo assim eu continuei a voar e a voar, até que um dia eu posei e vi um menino e seu pássaro, estavam felizes, então refleti sobre nós e vi que eu tinha tudo o que queria, mas meu egoísmo, minha vontade de liberdade não deixou eu perceber que sua prisão era a minha liberdade tão desejada...".
- "Então pule para a minha mão direita!, pois quero dizer algo..." - disse o menino.
- "Não! Pois nas minhas viagens aprendi que se dá com a mão direita e se recebe com a mão esquerda... Aqui estou e meu lugar será na mão do teu coração para que eu possa sentir melhor seu amor e você o meu".
- "Mas... desculpe... - disse o menino".
- "Por eu ter te amado tanto, eu te prendi e me prendi, mas o tempo passou e eu mudei... Vi que tua liberdade foi a minha liberdade também... Nunca esqueceremos um do outro, mas não podemos mais estar juntos, pois também criei asas e a cada vôo que dou novos valores aprendo, vejo a vida de outra forma...".
Carinhosamente o menino beijou o pássaro e disse:
- "Adeus, fomos felizes, mas devemos ser mais ainda... um sem o outro...".