Aos poucos começo a compreender o teu silêncio, mas à medida que o compreendo sinto-te mais distante...
A tua voz melodiosa parece ficar muda aos poucos como se fosse levada por uma breve brisa, o teu olhar é apagado de uma tela colorida gasta pelo tempo...
Apenas "ouço" o teu silêncio, como eu o compreendo agora que já não existem mais feridas para sarar, tenho apenas cicatrizes ao longo do meu corpo para te recordar, não é mesmo para isso que uma cicatriz serve, para nos lembrarmos que já tivemos ali uma ferida e qual foi a sua origem?!
O teu silêncio é uma ferida ainda muito aberta, mas pelo menos já sei como fecha-la...
Silêncio, apenas "ouço" silêncio...
Vida de brincar
É com singular encantamento que vives. Sei que sonhas noite e dia, acordada ou adormecida, por entre as ruas sem nome da cidade esquecida.
Cruzas-te com pedaços de gente sem sentido, trocas olhares com metades de vidas que ficaram a meio. Todos contam histórias que não queres ouvir mas contam na mesma e ouves como se quisesses ouvir. Lutam pela vida no mundo dos que já morreram porque pensam que vivem ainda. Só tu sabes que este mundo não é nosso. É de alguém que nos matou e agora nos mantém vivos por puro divertimento.
de Gustavo Vasconcelos