Acho que vim de um reino de profundidades...de
uma terra de gente que se importa com verdades já esquecidas e riquezas
há muito desvalorizadas...perco o senso muito mais diante de árvores
que de sapatos, prefiro o brilho de uma ou duas estrelas
que o das jóias, e nenhum cosmético, por mais luxuoso que seja, faz por
minha pele e cabelos o que um banho de cachoeira é capaz...não busco
aprovação...é assim mesmo...cada qual sente a vida de um jeito. Eu já
quis me adequar. Mas foi em vão...destoou. Soou falso sabe? Desisti. Me
deram pés que adoram terra, e uma sede intensa de liberdade...os
passarinhos me conhecem pelo nome, me chamam...e se perguntam talvez
porque nasci sem asas...respondo em lágrimas, que talvez não sejam
visíveis, mas elas estão lá, sempre aguardando o próximo sonho...sempre à
postos, prontas para me suster, quando tanta confusão e o peso de uma
casca excessivamente fragilizada por uma civilidade equivocada me tira o
norte, e já não consigo sentir o cheiro de casa...