Entre a vida e a morte
Parece-me fácil perdoar. Perdoamos por amor, e só nos magoam as pessoas que amamos realmente. E porque amamos é difícil não perdoar. Difícil é odiar, por muita mágoa que esteja desarrumada, quem nos foi vida numa espécie de infinito. Porque amamos encontramos em nós, apesar de tudo, margens de tolerância que, em tempos de guerra, nos faltaram. E perdoamos. O ódio é coisa ruim que consome a alma como a carne até que, um dia nada nos fica da pessoa que fomos nem ninguém resta à nossa volta. Porque odiamos e odiar é a mais sombria das solidões. E morremos. Porque viver sem amor é impossível.