Águas paradas
Já foi mar, um oceano sem fim por onde
toda a fé do mundo nos navegava.
Já foi esse azul infinito sem estações do
ano em que o céu, sempre cheio de luz,
se espelhava.
Já foi uma vontade mais forte do que,
no mar e na terra, todas as tempestades.
E foi por vezes cabo das tormentas mas
sempre cabo da boa esperança,
a noite e o dia como tudo na vida é.
Foi o que pode ser e o que o verão
bruscamente interrompeu pelo
que escapou aos sentidos.
De todo o mar que o tempo não cumpriu,
ficou um buraco de pedra
sobreposta em camadas.
E no fundo um lago de lágrimas,
onde a alma deserta lutou para não se afogar.
Já foi mar onde, hoje,
são as águas paradas do
naufrágio do amor.