"Como é que se Esquece Alguém que se Ama? (...)
Quando alguém morre, quando alguém se separa
- como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
É preciso aceitar esta mágoa esta moínha,
que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo
e que nos dá cabo do
juízo. É preciso aceitar o amor e a morte,
juízo. É preciso aceitar o amor e a morte,
a separação e a tristeza, a
falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução.
falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução.
(...)
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais,
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais,
para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais
conseguimos fugir,
conseguimos fugir,
mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa
espera.
espera.
Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O
esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento,
esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento,
conseguidos com
grande custo, com comprimidos e amigos
grande custo, com comprimidos e amigos
e livros e copos, pagam-se
depois em condoídas lembranças a dobrar.
depois em condoídas lembranças a dobrar.
Para esquecer é preciso deixar
correr o coração, de lembrança em lembrança,
correr o coração, de lembrança em lembrança,
na esperança de ele se
cansar."
cansar."