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Vida única ou vidas sucessivas?
 Vida única ou vidas sucessivas?

Se a vida individual começa somente com o nascimento terrestre, se,
antes dele, nada existe para cada um de nós, debalde procurarão explicar
estas diversidades pungentes, estas tremendas anomalias, ainda menos
poderemos conciliá-las com a existência de um poder sábio, previdente,
equitativo. Todas as religiões, todos os sistemas filosóficos
contemporâneos vieram esbarrar com este problema; nenhum o pôde
resolver. Considerado sob seu ponto de
vista, que é a unidade de existência para cada ser humano, o destino
continua incompreensível, ensombra-se o plano do Universo, a evolução
pára, torna-se inexplicável o sofrimento. O homem, levado a crer na ação
de forças cegas e fatais, na ausência de toda justiça distributiva,
resvala insensivelmente para o ateísmo e o pessimismo. Ao contrário,
tudo se explica, se torna claro com a doutrina das vidas sucessivas. A
lei de justiça revela-se nas menores particularidades da existência. As
desigualdades que nos chocam resultam das diferentes situações ocupadas
pelas almas nos seus graus infinitos de evolução. O destino do ser não é
mais do que o desenvolvimento, através das idades, da longa série de
causas e efeitos gerados por seus atos. Nada se perde; os efeitos do bem
e do mal acumulam-se e germinam em nós até o momento favorável de
desabrocharem. Às vezes, expandem-se com rapidez; outras, depois de
longo lapso de tempo, transmitem-se, repercutem, de uma para outra
existência, segundo a sua maturação é ativada ou retardada pelas
influências ambientes; mas nenhum desses efeitos pode desaparecer por si
mesmo; só a reparação tem esse poder.

Cada um leva para a outra vida e traz, ao nascer, a semente do passado.
Essa semente há de espalhar seus frutos, conforme a sua natureza, ou
para nossa felicidade ou para a nossa desgraça, na nova vida que começa
até sobre as seguintes, se uma só existência não bastar para desfazer as
consequências más de nossas vidas passadas. Ao mesmo tempo, nossos atos
cotidianos, fontes de novos efeitos, vêm juntar-se às causas antigas,
atenuando-as ou agravando-as, e formam com elas um encadeamento de bens
ou de males que, no seu conjunto, urdirão a teia do nosso destino.

Assim, a sanção moral, tão insuficiente, às vezes tão sem valor, quando é
estudada sob o ponto de vista de uma vida única, reconhece-se absoluta e
perfeita na sucessão das existências. Há uma íntima relação entre
nossos atos e o nosso destino. Sofremos em nós mesmos, em nosso ser
interior e nos acontecimentos da nossa vida, a repercussão do nosso
proceder. A nossa atividade, sob todas as suas formas, cria elementos
bons ou maus, efeitos próximos ou remotos, que recaem sobre nós em
chuvas, em tempestades ou em alegres claridades. O homem constrói o seu
próprio futuro. Até agora, na sua incerteza, na sua ignorância, ele o
construiu às apalpadelas e sofreu a sua sorte sem poder explicá-la. Não
tardará o momento em que, mais bem instruído, penetrado pela majestade
das leis superiores, compreenderá a beleza da vida, que reside no
esforço corajoso, e dará à sua obra um impulso mais nobre e elevado.

O Problema do Ser, do Destino e da
Dor – León Denis





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