Vaguei por tanto tempo me sentindo desconforto ambulante, coloquei na mão de tanta gente a responsabilidade de me salvar. Esperei que me salvassem de mim, e vi o tempo não ter fim. Dos ombros que não me consolaram, mãos que não se estenderam, olhos que não me enxergaram, só sosseguei um canto do desassossego quando finalmente resolvi me encarar. Quanta exigência, não percebia, os que não me deram colo nunca o receberam. Não há do que me queixar, de alguns vazios nascem tanto, a falta virou força. Se tivessem me enxergado, talvez eu não enxergasse com tanto amor agora. Se tivessem me escutado, talvez eu não falasse com o brilho de quem sabe tudo e não ouvisse com a simplicidade de quem nunca soube nada. Se houvesse colo antes, talvez não houvesse calo agora, e eu não andaria por aà de peito aberto a declarar: Não há do que me queixar, apenas agradecer! De alguns vazios nascem muito, e desse eu pude brotar. A você que não me viu, que não me percebeu, que não me deu voz, que não me deu vez. Obrigada!
— .(Escrito dia 07/08/2025, às 22:10).