Hoje eu saà na pressa, como sempre, com a roupa meio amassada, cabelo no limite da dignidade, café quase frio porque o tempo nunca espera. Na esquina uma moça deixou cair a sacola. Eu parei ajudei ela sorriu e disse: Obrigada moça, está tudo meio corrido né? E eu fiquei com essa frase na cabeça o dia inteiro. Está tudo meio corrido, é tipo o resumo da vida adulta. A gente está sempre indo pra algum lugar, com a cabeça cheia de conta, prazos, pendências emocionais e um eu te respondo depois engasgado em vários grupos de conversa. A gente anda tanto, mas se pergunta cada vez menos: Pra onde? Está tudo tão apressado, que às vezes eu nem lembro o que eu almocei ontem. E quando a vida resolve parar, tipo numa fila, em um ônibus lento, num engarrafamento, a gente nem sabe o que fazer com esse tempo, abre o celular, puxa uma notificação, procura distração, porque parar virou incômodo. Mas sabe o que mais me inquieta? É que no meio desse ritmo insano, tem coisas pequenas que ainda seguram a gente. Um bom dia sincero, um meme bobo, um elogio aleatório, um cheiro de pão no fim da tarde. É nessas horas que percebo, que tem algo em mim que ainda quer viver devagar, que ainda quer lembrar do gosto do café, que quer ouvir com atenção, que quer sentir de verdade. A moça da sacola talvez nem perceba, mas ela me fez pensar, que talvez o que a gente mais precise agora, não é de mais tempo, é de mais presença.
— .(Escrito dia 04/08/2025, às 08:39).