"Quero falar sobre tudo com pelo menos uma pessoa, do jeito que falo comigo mesmo."
- Fiódor Dostoiévski

Eu sou uma pessoa que pensa demais, o meu cérebro já acorda com 99 abas abertas, sou bem acelerada, às vezes alguém me chega com algum questionamento e muito antes dela terminar o raciocínio, eu já elaborei na minha mente mil formas de resolução da questão. Não sei se isso é um dom, mas é que eu consigo enxergar muito além das situações, eu tenho facilidade em ler as pessoas e as sentir, com pouco tempo de conversa, mas claro que isso não acontece com todo mundo. Talvez por isso que pra mim seja mais difícil eu me encantar por alguém, ter interesse pelo lado romântico da coisa, mas é que pra mim boa parte das pessoas são tão iguais, meio que seguem um roteiro, um padrão, e eu sou alguém que o que mais me estimula e me enche os olhos, é o diferente, é alguém que me desperta curiosidade, que é autêntico, que é meio um ser-livro, que conta uma história enriquecedora que vai agregar junto da minha, e que sendo assim carrega uma grande sabedoria, pela qual eu não quero parar de ler. Acho interessante, porque por mais que eu seja uma pessoa totalmente emocionada e sentimental, eu não me interesso pelas pessoas com frequência, mas por outro lado eu adoro ouvir histórias, quando me proponho a conversar, eu estou inteira naquilo, é uma forma de respeito com o outro, de ouvir e acolher o que alguém tem a dizer, claro que é necessário a recíproca. Mas nos tempos de hoje, dentre toda essa correria do cotidiano, a gente tem perdido esse partilhar. Como é gostoso conversar, ter trocas, compartilhar ideias e percepções, filtrar as tantas histórias de vida como uma peneira, absorver as experiências e crescimentos as suas, quantificar o pertencimento. Quando me refiro aqui ao termo pertencer, é no sentido da inteireza de se estar ali, sem distrações ou interrupções, e pra mim é um dos gestos mais lindos e nobres, quando você pára e escuta o outro, é meio que um tempo-gentil.

— .(Escrito dia 29/06/2025, às 08:43).