Frequentar um brechó é quase um estilo de vida e garimpar no brechó é quase um esporte. Eu sei que existe toda uma lógica de consumo, que tentou convencer a gente que se uma coisa não é exclusivamente nossa, desde o início, essa coisa não tem valor. Sendo, que na minha opinião, saber que uma peça carrega um monte de histórias, só deixa ela mais interessante. A gente que vai muito em brechó, costuma chamar as compras de garimpo. Justamente porque, já que lá tem amostras da vida de todo tipo de pessoa, e se precisa de um pouquinho de paciência para achar algo que ressoe com a pessoa que a gente é, mas a gente encontra. E eu adoro quando alguém me pergunta onde foi que eu comprei tal peça e eu posso encher o peito e responder: Menina foi 20 reais no brechó dos cachorros de rua. E entrando nesse assunto, a maioria dos brechós tem alguma causa humanitária. O que eu costumo ir pertence a uma ONG, que ajuda animais de rua e por isso eles são os funcionários também. Por isso eu acho muito engraçado, as pessoas que dizem que não compram em brechó, porque tem vergonha. Primeiro que eu não entendo quem tem vergonha de pagar barato. Não é como se a gente tivesse usando o resto de outras pessoas, estamos na verdade diminuindo a quantidade de lixo que tem no mundo, entrelaçando nossa história com pessoas parecidas com a gente e ainda por cima dando sentido pro nosso consumo. Pra mim, passar horas seguidas em um brechó, é viver perigosamente compartilhando botões e zíperes de todas as cores, é uma experiência única que une histórias contadas além dos cabides e manequins.

— .(Escrito dia 06/06/2025, às 19:44).