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Mulher carrega um saber que não se entende.
Lá na raiz, ancestralidade pura.
Bruxas foram mulheres que ousaram.
Ousaram ser inteiras, ousaram ser elas mesmas.
Que não abaixaram a cabeça e que viviam de peito aberto.
Bruxas foram mulheres que se curaram.
Mas que junto, buscavam curar o mundo.
Mulheres que o mundo tenta calar a muito tempo.
Chamam de feitiçaria aquilo que é apenas autoconfiança.
Bruxas são mulheres que sabem o poder que habita em si.
Bruxas, mulheres curandeiras, leitoras da alma. Guardiãs dos silêncios dos espíritos, só elas ouvem o que ele tem pra dizer.
Mulheres que não buscaram aprovação pra existir. E ainda não buscam.
Que entenderam que talvez a liberdade tenha um preço, mas que pagam com gosto.
Mulheres que foram queimadas na fogueira.
Chamadas de feiticeira.
Caladas nas entrelinhas.
Perseguidas em cada suspiro.
Bruxas que se foram e se vão, mas continuam aqui.
Bruxas que desafiam o sistema, que remam contra a maré.
Que despertaram do sono que muitos tem medo de encarar: A liberdade de ser, de escolher e de viver.
Bruxas são mulheres que continuarão voando.
E aos que me queimaram no passado, saibam que: QUEM DANÇA COM O FOGO HOJE SOU EU!
O mundo sempre teve medo das mulheres que voam, sejam elas bruxas, sem elas livres.

— Juma Casagrande

Por séculos, a intuição feminina foi incompreendida e vista como uma ameaça. Mulheres que ousavam ouvir sua voz interior, que abraçavam sua sabedoria ou que tinham um olhar sensível sobre o mundo foram tachadas de perigosas. Bastava que suas escolhas destoassem dos padrões da época, e logo se tornavam "Bruxas" – Uma palavra que, em vez de honrar a força, a coragem e o conhecimento dessas mulheres, virou sinônimo de ameaça. Queimadas na fogueira, essas mulheres carregavam as chamas do medo e do preconceito que buscavam nos silenciar. Hoje, essas chamas nos lembram que, apesar da história, nossa intuição permanece viva. E está em cada decisão corajosa, em cada não que aprendemos a dizer e em cada sim que damos para nós mesmas. Nossa jornada de autoconhecimento e acolhimento é um resgate dessa liberdade que nos foi negada. A caça às bruxas foi uma guerra declarada contra mulheres. Não foi só sobre condenar quem praticava magia, mas sobre demonizar qualquer corpo dissidente que ousasse ter voz, saberes, autonomia. Mas, o medo nunca foi do "Mal" que as mulheres poderiam fazer, o medo era do poder que já tinham. Medo da mulher que conhece seu próprio corpo, da mulher que planta e colhe sabendo que a vida e a morte estão em suas mãos. Medo da mulher que sabe se curar, que entende que seu saber é uma herança viva, que circula sem depender de estruturas de poder. Esse foi o verdadeiro alvo da caça: Silenciar mulheres para manter tudo como estava, controlado. Hoje, quando recuperamos essas memórias, não é só pra honrar, mas pra lembrar a nós mesmas do que nos pertence. O poder que tentaram apagar continua aqui, nas nossas escolhas, nas nossas palavras. Saber disso incomoda quem ainda tenta nos manter no molde, no limite do aceitável. Porém, a verdade é essa, nosso poder nunca se foi. Tentaram enterrar, demonizar, mas esqueceram que a raiz é funda e insiste em viver.


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