Sempre fui uma pessoa com uma notável tendência a pensar em demasia, sobretudo diante da visão da natureza. Não posso ver um céu estrelado bonito na minha frente que já me ponho quase inconscientemente a fazer perguntas de ordem filosófica, mÃstica, cientifica ou metafisica em geral. Como é que todas essas estrelas foram parar lá? Por que é que elas estão lá? Do que elas são feitas? Qual o tamanho do universo? Qual o nosso tamanho? Como é que viemos parar aqui? Por que é que estamos aqui? Do que somos feitos? Apreciar o mundo com os olhos ao invés da mente, só pelo fato de ele existir, era uma ideia que nunca havia me ocorrido de maneira tão clara e direta.
Os seres humanos são criaturas curiosas. Deve ser próprio da nossa essência a obstinação pelas perguntas e a busca interminável por esclarecimentos, objetivos, funções, causas, fontes. Somos entes naturalmente atraÃdos pelo mistério e por todas as suas prováveis explicações, entes que possuem uma necessidade quase vital de encontrar respostas, pouco importa de qual ordem.
Se você pensar bem, os seres humanos são igualmente responsáveis tanto pela criação de todas as teorias cientÃficas que foram ultrapassadas e aprimoradas ao longo dos milênios, quanto pela criação de todas as religiões, doutrinas e correntes filosóficas, sociológicas e antropológicas conflitantes que já existiram. Inventamos dogmas, descobrimos teoremas, escrevemos livros, analisamos sociedades, pintamos quadros, desenterramos artefatos, criamos filhos, aprendemos habilidades, viajamos oceanos, nos apaixonamos, construÃmos máquinas, tocamos instrumentos, pedimos perdão diante do altar, fazemos cálculos, tecemos histórias, desenvolvemos saberes.
— Larinha, no livro "Eu quero a árvore que existe: Seis reflexões para o mundo real". (Editora Sextante. CapÃtulo 01 – Eu quero a árvore que existe. 1ª edição (03 de outubro de 2024).
Pra qualquer dia preguiçoso, fazendo chuva ou sol, esse livro é um respiro pra alma, um abraço no coração e traz à tona a sensação de pertencer ao mundo. Ele te faz perceber que a humanidade é tão imensamente diversa, mas ao mesmo tempo divide a mesma condição da existência humana: O não saber, o refletir, o duvidar, mas também o se encontrar, o aprender, o se maravilhar e a mais linda aventura, se apaixonar, não só por gente, mas pela vida e pelo viver. Te recomendo pra relembrar que existe saúde na dor, na dúvida e na angústia, e não somente no afago, no conforto e no maravilhamento.