Em tempos de desapegos a qualquer custo, como se isso fosse um ato heroico e um abraço sincero em nossa autenticidade, alguns escolhem ficar. Pela serenidade, pela calma, pela capacidade de escolher e aceitar, sabiamente, que não podemos habitar o melhor de dois universos. A singularidade de saber escolher e serenar em nossas decisões é uma sabedoria que aprendemos com o tempo. Principalmente porque começamos a entender que, por mais tentadoras que sejam as opções do mundo, muitas vezes elas nos guiam para caminhos solitários. Quando paramos de correr atrás da sensação de sempre estar perdendo algo e aprendemos a desacelerar e descansar em nós mesmos, desvendamos algo muito bonito: Que a paz se tornará uma companheira necessária, e não mais apenas uma consequência das nossas escolhas. Minha vida não é mais pautada pela busca incessante por novidades, pois, do contrário, tudo se tornaria descartável demais. Mas também não posso negar que a sombra da minha intensidade ainda me visita. No entanto, dia após dia, ela se torna cada vez mais uma colega da faculdade e menos uma amiga fiel à vida adulta. Hoje, a minha tão sonhada casa com jardim faz mais sentido do que a pressa que tive em viajar por todos os cantos deste mundo. Não que eu não carregue comigo a recordação dos pousos, em terras e corações, que fiz nesses anos. Mas, uma hora, decidimos pousar e aceitar que esse será o nosso lugar por um bom tempo. E hoje posso dizer que achei, dentro de mim, o meu lugar.
— Fred Elboni