A gente tem a urgĂȘncia de amar, de ser amado nos dias ensolarados, de deitar no colo e se fazer porto seguro. A gente quer amar pela urgĂȘncia de ser parte, e na parte, aprender a ser mais inteiriço, sem se lançar para o amor em âAlertaâ por medo. Porque, no fim do dia, a gente quer quase as mesmas coisas: Alcançar lugares lindos, mas ter com quem dividir a nossa mais Ăntima conquista.
Ă a urgĂȘncia de construir intimidade no colo, fazer um voo rasante, declarar poema, mostrar uma mĂșsica nova. Ver o sol, se molhar em ĂĄgua salgada e ter um sorriso no rosto, de ser feliz consigo mesmo e no outro. Ă ser solar. Ă abraçar com força. A gente tem urgĂȘncia.
Me peguei ouvindo âCajuâ da Liniker e percebi que, mesmo no mais engatilhado, amedrontado ou descrente do amor, o amor Ă© urgente, porque a vida vai correndo. NĂŁo banalizando todo o conhecimento sobre si, a consciĂȘncia psicolĂłgica, mas a gente quer ser inteiriço no outro, porque jĂĄ conseguimos ser inteiros sozinhos. Queremos correspondĂȘncia afetiva, amar, grande, construir e atravessar, porque o que nos move para alĂ©m de nĂłs Ă© o outro, com o outro.
Pertencimento Ă© o nome da nossa urgĂȘncia. Ă viver o amor no dia mais Ăntimo. Ă o olhar cauteloso e atento do outro sobre quem vocĂȘ Ă©. Ă se sentir seguro, para poder ser todas as versĂ”es do que existe dentro da nossa prĂłpria existĂȘncia. Amar pode ser tantas coisas, tantos encontros, mas, no final do dia, a gente quer ser acolhido e nĂŁo recolhido.
Liniker diz em âCajuâ: âQuando eu alçar o voo mais lindo da minha vida, quem me chamarĂĄ de meu amor, de gostosa, de minha vida?â No fim, queremos testemunhar a partilha, porque ser sĂł Ă© bonito, mas existir com o outro e no outro tambĂ©m Ă© urgente. NinguĂ©m aguenta mais erguer muros, se recolher, correr dos afetos por medo de sentir. O corpo cansa de ficar em alerta, e a melhor saĂda para desarmar Ă© acreditar que vocĂȘ tambĂ©m merece ser amada de forma grande, mesmo que demore, que o caminho desalinhe. FĂ© nos afetos Ă© acreditar na nossa grandeza.
â Matheus Vieira