Você me ilumina, mas não como um sol de meio dia, me ilumina como um solzinho de inverno, desses de fim de manhã ou fim de tarde, que me chega em meio à s sombras, a nuvens. Outro dia aprendi que brilho é uma capacidade que um objeto tem de refletir a luz que incide sobre ele, então se entendi bem, seres humanos não teriam “brilho próprioâ€, já que serÃamos sempre iluminados por algo além de nós. Tem um verso de Djavan que diz que “o coração de quem ama fica faltando um pedaço, igual a lua minguando†eu acho lindo porque quando era criança achava que de fato a lua minguante não tinha um pedaço. Depois soube que em verdade, é uma questão de iluminação, da posição em relação ao sol e que a lua segue sempre “inteiraâ€. Quando entendi isso o verso de Djavan fez ainda mais sentido.
Se não temos “brilho próprioâ€, há muitos seres que nos iluminam objetiva e subjetivamente e a quem iluminamos de volta. Me sinto iluminada pelo sorriso dos bebês, pelo vermelho do morango, o doce da manga, o povo, a luta, por você.
Por isso não preciso girar minha vida apenas em torno da sua luz, eu sigo iluminada por outros sóis. Parafraseando João Cabral de Melo Neto, há muitos fios tecendo a manhã. Não deixo de aproveitar o pequeno e fugaz brilho de nosso encontro, que não é bonito apesar de fugaz, é bonito justamente porque passa (E volta).
Geni Núñez