Eu estou me reorganizando. Comecei pelo lado de fora: Doei roupas, papéis que estavam fazendo aniversário lá em casa, fotos, comidas vencidas ou há muito tempo no congelador. Comecei pelo que não quero pra abrir espaço para os que realmente quero que entre. Há um tempo entendi tanta coisa sobre a vida e permaneço com uma única certeza: Enquanto eu viver, vou expandir. Vou mudar de ideia. De fase. De interesses. Sempre há algo novo que eu ainda não sei. E acho isso de um truque tão sabido do Deus grande, porque é como se ele soubesse que nós seres comumente mortais, sempre estamos precisando nos apaixonar: Por uma nova ideia, por uma nova versão de nós mesmos que até ontem não existia, por um novo lugar que a gente agora quer conhecer mais que tudo, por uma nova ideologia, um novo ritual e por aà vai. Me peguei gostosa de estudar, só pra surpreender a adolescente do fundão de respostas rápidas que fui. Me vi entendendo na prática o que é se amar. Se amar é fazer coisas durante os seus dias que elevem a sua vibração, te levando pra perto de tudo aquilo que você almeja e te distanciando daquilo que não é mais você. Se amar é fazer algo que te faz bem, mesmo com preguiça, porque você sabe que no final vai gostar. Se amar é se doar pra alguém, e esse alguém é você. São sempre dois de você conversando entre si. Uma parte dá, a outra aprende a receber. Só aprendendo a receber de nós mesmos é que não achamos desconfortável receber dos outros. Só nos dando é que não achamos estranho dar para o outro. Tudo começa dentro.
Ana Clara Paim