Só uma pequena mesmo,
Que não precisa ser profunda,
Que hoje nem precisa questionar sobre os mistérios do mundo.
Que pode cogitar se hoje irá chover,
E se chover lembrar de tirar as roupas do varal.
Uma conversa que pergunte sobre as horas, que se surpreenda com o resultado e reafirme o quão tarde já é ou o quão cedo ainda está nesses dias que o céu demora mais a anoitecer.
Que um dedo dessa prosa já é uma mão toda.
Porque para conversar e mergulhar sobre o profundo também é preciso voltar à superfÃcie.
E nem sempre é dia de grandes conversas, de grandes e profundos mistérios, o raso também é importante, pois nele que se descansa quando já não se tem força e energia para mergulhar tão fundo.
Hoje a conversa será só para pedir um pedacinho da cenoura enquanto a janta não fica pronta.
Às vezes, o enlace com o cotidiano é o antÃdoto mais eficaz contra os medos, as antecipações e as angústias, um lembrete de que talvez eles não precisem ser assim tão sérios, tão urgentes, tão inadiáveis.
Por hoje, uma conversinha assim pequena, faz de uma folha a árvore toda.
Só por hoje, ela é todo mistério que preciso.