Para os olhos que me viram, hoje não passo de história. Fiquei no ponteiro que marcou onze da noite. Dizem que parti, mas fui partido. Eu fui jogado ponte à baixo por mãos macias, eu bati os braços sem saber nadar, minhas despedidas não tiveram trilha sonora. Fiz as malas e sangrei no rio. Dos meus amigos, carreguei chaveiros e lembranças velhas em uma lata transparente. Dos conhecidos, histórias para serem minhas, porque eu sempre fui o seu ladrão. Eu não sei aonde isso vai me levar, tampouco sobre o que estou falando. Sei que fui esquecido como um toca-fitas velho, como a paz e o amor, como um pássaro que se debandou. Tenho repetido sobre as mesmas flores, falado sobre os dramas que o meu coração gostaria de conhecer, pois no mar de rosas também se morre afogado. Eu não morri, porque eu nada sei da vida. Carrego apenas pedras nos bolsos e cravos nas costas. Tão piegas como uma formiga.
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