(...) Para que nos encantamentos é preciso antes de mais que sejamos capazes de ver outras pessoas, e para isso não basta abrir os olhos. É preciso uma curiosidade prévia, de um tipo peculiar, muito mais ampla, integral de radical do que a mera curiosidade sobre as coisas (Como a cientÃfica, a técnica, a turÃstica, a curiosidade de "Ver o mundo," etc.), ou sobre os atos particulares das pessoas (por exemplo, a bisbilhotice). [...] É preciso ter uma curiosidade vital sobre a humanidade, e por esta na sua forma mais concreta: A pessoa como totalidade viva, como módulo individual de existência. Sem esta curiosidade, passarão por nós as criaturas mais sublimes e não daremos por elas. A lâmpada sempre acesa das virgens evangélicas é o sÃmbolo desta virtude que constitui uma espécie de limiar do amor.
— José Ortega y Gasset, no livro "Ensaios Coligidos: Para uma Psicologia do Homem Interessante". (Revista de Occidente, Julho de 1925).
Obra: "Les Amourex", 1888 - Emilie Friant.