Quando penso nas qualidades que mais admiro nas pessoas (e em mim mesmo), a primeira que aparece é a coragem. Não estou falando de bravura nem de valentia, que remetem a atos ousados envolvendo riscos à vida, mas daquela ação que nasce do coração e desbrava o mundo, disposta a passar por cima do medo e da incerteza. É a coragem que nos leva a realizar nossos sonhos e propósitos, que alimenta nossa vida de sentido e conexões que fazem tudo valer a pena. Por outro lado, tenho a impressão de que está cada vez mais difícil ser corajoso. Parece que quanto mais rápidas as mudanças na sociedade, mais a gente anseia por algo sólido e fixo. Antes de cada movimento, cada palavra, cada convite, buscamos uma garantia de que aquilo vai dar certo. Em uma realidade cada vez mais incerta, é irônico (mas talvez inevitável) que almejamos por certezas. Acontece que não há garantias nem certezas lá fora. Não tem como garantir que seremos amados, que seremos correspondidos, que nossos trabalhos darão certo, que conheceremos o sucesso. A única coisa que podemos garantir – quem sabe – é aquela certeza interna de que, aconteça o que acontecer, nós somos capazes de passar por isso com coragem. O amor, a confiança e o respeito que nutrimos por nós mesmos são as únicas certezas que podemos cultivar. Elas não garantem desfechos felizes, mas garantem algo muito mais valioso: O amor-próprio. -- Nos últimos anos, aprendi que o amor-próprio não é algo que se conquista de uma hora para outra, mas sim uma jornada que deve ser percorrida com paciência e dedicação. E nessa jornada, descobri que as coisas mais simples e cotidianas seriam os meus maiores amigos. Por exemplo, comecei a prestar mais atenção no meu corpo. Percebi que, quando me alimentava melhor ou praticava atividade física regularmente, meu corpo se sentia com outra disposição – são coisas simples e para alguns cheias de obviedades, mas que somente despertamos após passarmos por esta experiência. Outra coisa simples que comecei a fazer foi me ouvir com mais amor – confiando no que sinto e acredito. Isto me ajudou a encontrar a paz interior e a lidar com meus pensamentos de uma forma mais clara e objetiva. Aprendi que, quando a mente está em paz, o coração também fica mais tranquilo. Além disso, comecei a valorizar mais as relações pessoais em minha vida. Percebi que o amor-próprio também se constrói através das conexões que estabelecemos com os outros. Aprendi – como sempre falo – a chacoalhar a árvore das relações – para ter relações mais sinceras e saudáveis. Por fim, o amor-próprio também se manifesta através do tempo que dedicamos a nós mesmos; você é cuidadoso e gentil com você mesmo como tenta ser com os outros? Aprendi a me permitir momentos de lazer e descanso, sem me culpar ou sentir que deveria estar fazendo algo a todo instante. Hoje, olhando para trás, vejo que cada pequena coisa que fiz em direção ao amor-próprio foi um passo lindo e importante na minha jornada. E sempre quero te encorajar a também dar os seus próprios passos, sem pressa ou cobrança, mas com amor e paciência. Afinal, o amor-próprio é uma jornada, não um destino.