Aqui estamos: 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. A simbólica data atrelada a morte de Zumbi dos Palmares nos faz o convite a refletir sobre como as pessoas negras são vistas socialmente no maior país preto fora do continente africano. Mas, isso você já sabe. O papo aqui hoje é sobre memória coletiva.
O Brasil se esqueceu (de forma conveniente) o que o povo negro fez por esse país. Após ser retirado a força para trabalhar em terra Brasilis, cada pessoa negra SANGROU para construir os pedacinhos que compõem essa nação. Mas, os nomes que batizam as ruas por onde você anda, são de bandeirantes, coronéis e fazendeiros brancos ricos. Em sua maioria, os mesmos que fizeram o meu povo sangrar.
Se o assunto for riqueza, aí que o país nos deve mesmo. O fim da escravidão (celebrado por muitos como uma salvação divina vinda da tal princesa portuguesa) deixou o povo negro com uma mão na frente e outra atrás. Descartados como lixo, sobrou para os nossos ancestrais a dura tarefa de se reorganizarem em um país que os odiava. Já dura mais de 400 anos essa “volta por cima”, seja na educação, na saúde, no mercado de trabalho, nas artes, etc. Isso porque eu nem mencionei a política.
Porém, em algum momento do seu dia, alguém que se diz muito “sábio” vai dizer que “não precisamos de um dia de consciência negra, mas sim de 365 dias de consciência humana”, usando uma fala do ator americano Morgan Freeman tirada de contexto e usada para deslegitimar um símbolo de luta. Queria eu poder alegar humanidade em frente ao cano do revólver do policial que invade a favela e mata jovens negros. Ou pedir consciência ao mercado que fica “nervoso” quando um presidente eleito fala sobre acabar com a fome no país. Você sabe a cor de quem não tem o que comer né? Sei que você sabe.
Aprendam: Esquecimento coletivo é poder na mão de quem não quer abrir mão do seu privilégio, e bem, a gente sabe que é mais fácil para essa turma chorar a morte dos judeus na Alemanha, do que olhar para a sua história e ver que a sua riqueza está suja de sangue. O problema é que tenho memória fotográfica e não esqueço de nada.
Feliz 20 de novembro!