É madrugada mais uma vez e o meu corpo não é capaz de se desligar sozinha, talvez o lado vazio da cama seja espaçoso demais para uma pessoa só, e a ironia de tudo é que eu sempre adorei a solidão. Minha mente permanece agitada como em uma balada cheia de placas luminosas e luzes coloridas demais, cores essas que nunca fizeram parte de mim e agora me pintam dos pés à cabeça contra a minha vontade. É horrÃvel sentir falta de algo que nunca aconteceu, mas a esperança indesejada que chega, e a cada episódio de insônia corrói e tortura, remoendo o vazio tão familiar no meu peito. Eu não quero descobrir você ou saber o seu nome e aprender a tua música preferida, só pra você me ouvir cantando enquanto vai embora. Eu sempre estive bem assim, mergulhada na certeza de que estar só era parte de mim, sabendo que qualquer companhia não duraria um dia ou dois muito menos uma vida inteira. Mas nas noites de insônia eu insisto em te ver chegar e abraçar o que restou de mim, me vejo descobrindo finalmente o tom dos teus olhos e a sensação de me abrir e te deixar me descobrir sem medo de me revelar por inteira. E a ironia de tudo é que eu sempre adorei a solidão.