Não é São Paulo. Não é o ônibus, nem o trem, nem o metrô. É o mundo e esse caos que ele é. É a política, a utopia, a realidade dolorosa e cinza que nos pesa os ombros. Não é só a polícia, mas sim o reflexo que ela é do Estado repressor, do Estado punidor, do Estado de uma só religião e ideologia.
Não é a tarifa do transporte público. É a taxa de mortalidade de recém-nascidos em maternidades públicas. É a escola que só ensina ler, não a pensar. É a universidade pública que tem seus portões fechados pro resto da sociedade.
É a Copa. São os estádios. É a seca oculta que a Bahia enfrenta. É o medo da próxima eleição, é a esquerda que se alia à direita. É o berço do país em pleno planalto central, cheio da canalhas que nós colocamos ali.
São os milhões de corruptos e os milhões de reais extraviados para a Europa. É a meia dúzia de famílias que se enriquece com a fome, com o sofrimento, com o medo, com a repressão, com o desemprego, com a mortalidade infantil, com o analfabetismo.
É a meia dúzia de famílias que se enriquece com o sangue do trabalhador brasileiro.