Você sobrevive.
Por mais torta, sinuosa, estreita e desconhecida que seja a estrada. Ainda que faltem placas e que as existentes não sejam lá muito encaminhadoras. Por mais que seja preciso voltar para a bifurcação anterior e ir pelo outro lado, ou, quando isso não for possível, fazer com que o caminho errado dê certo. Por mais sem graça que seja o palhaço, umas hora o espetáculo acaba, as luzes se apagam, as pessoas vão embora e você pode procurar um outro motivo pelo qual valha mais a pena rir. Ou esquecer essa idéia de procurar motivos e achar graça da desgraça mesmo. A fase ruim do seu time, o período deveras complicado, a crise dos 40, o fim do primeiro amor, a falta de ânimo, o frio na barriga de sair de casa.. Tudo isso passa. E você sobrevive. Não se enxergar a amplitude do furacão estando no olho dele, precisamos de um certo distanciamento. Então, não, você não vai morrer porque ficou doente. Sim, você ainda pode se formar e se firmar profissionalmente mesmo com uma nota baixa. Não, esse não foi o último amor da sua vida (E o próximo também tem grandes chances de não ser). Sim, você vai sobreviver. O que não vai passar é essa nossa ânsia de esperar que todas as coisas estejam em seus lugares para, finalmente, a tal da felicidade chegar. Não passa a predisposição de querer controlar os rumos que a vida toma e não conseguir se sentir bem até que tudo se encaixe nos seus planos do filme de sessão da tarde. Isso não vai acontecer, e você pode ter uma vida legal apesar disso.
Só não vai se jogar do primeiro prédio que encontrar, cara. Porque disso você não vai escapar, e não vai ter tempo de sentir a delícia de sobreviver ao “Insobrevivível”.