Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura… Essa intimidade perfeita com o silêncio… Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado de pequenos absurdos, essa capacidade de rir à toa. Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza de quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser. Resta essa faculdade incoercível de sonhar, de transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade de aceitá-la tal como é, (…) e essa pequenina luz indecifrável a que às vezes os poetas dão o nome de esperança. Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto, esse eterno levantar-se depois de cada queda, essa busca de equilíbrio no fio da navalha, essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo infantil de ter pequenas coragens. (Vinicius De Moraes)
Retórica:
Passei os melhores momentos de uma vida naquele quintal. Jogava bola, pisava em espinho, caia de pé de manga, queimava a mão em taturana, catava jabuticaba, arrancava o tampão do dedo chutando o chão ao invés da bola. A infância que todos merecem. A infância que todos deveriam ter, afinal é a infância que forma o caráter. Hoje, eu sou o que sou, Graças às pegadas que eu deixei lá, na terra daquele quintal, daquela casa.