Ele era um clássico, um desses livros de mil oitocentos e vinte com quatrocentas páginas, que a maioria demora pra entender, com linguagem difícil, com termos extintos, com filosofias defuntas. Ele era um clássico e adorava não ser compreendido. Era um clássico e fazia questão de sê-lo. Clássicos são poucos. Ele era um clássico, mas um clássico com tão poucas admiradoras, com tão poucas leitoras, que se desgostou. E fez-se resumo. Fez-se resumo pra ver se agradava mais algumas, pra ver se mais meia-dúzia conseguiria compreendê-lo. Por que na realidade, ele era simples. Tão simples que o resumo não passava de poucas linhas. Tinha uma história curta e algumas filosofias simplificadas - Apesar de defuntas. E assim é o fim de todo e qualquer clássico. Estupidez. A estupidez da incompreensão alheia. Acaba o clássico por se tornar um livro comum, pois são preciosas as capazes de desvendá-lo.
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