Sinto falta de muitas coisas. Coisas que vivi e mal vi passar, coisas que aos poucos fui deixando e esquecendo pelos cantos, coisas, que de tão raras, foram tiradas de mim. São lugares, momentos, pessoas, anos e dias inteiros que me apertam o peito. Fases pelas quais nunca mais passarei, ruas de pedra por onde nunca mais andarei. E eu sinto tanto! Sinto por ter que deixar tanta vida para o espaço. Mas todo mundo um dia o faz. Todo mundo deve abrir mão, alguma vez na vida. É o custo desse tempo aqui no mundo: Ter que deixar centenas de coisas que um dia já foram importantes para você. Desde os sonhos às rotinas boas. Desde àquilo que não fizemos. O tempo perdido, a palavra não dita, o dia de chuva que não nos molhamos. Devemos abandonar, hora ou outra. E minha hora chegou. A cada dia que passa me sinto deixando uma vida inteira de presente ao universo. Sei que poucas coisas voltarão. Sei que de muitas sentirei falta. Mas, afinal, estou pagando o preço que se paga por crescer. Quando, lá pelos meus 9 anos, eu achei que ser adulto era poder ter tudo aquilo que se quer, eu estava enganado. Ser adulto é muito mais sobre a renúncia. Cada ano que passa, mais coisas se perdem. E quem é que para no meio da rua para nos esperar, como faziam os pais enquanto amarrávamos os sapatos? O mundo pelo menos não. Preparados ou não, ele continua girando.. A gente é que se segure.
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