Estrelas cadentes cortam o céu. Desafinadas, tortas e sem ritmo algum. Dançam no balé fulgurante das noites, e fogem para o vácuo do espaço quando cansam de ficar penduradas sob a clarabóia da Lua. Estrelas cadentes resplandecem sob teus olhos, pequenos sóis mortos que choram a luz que deixaram de ter. Ou que nunca tiveram, por serem somente meteoritos em alta velocidade que, por onde passam, colorem a atmosfera com um rastro incandescente. Pseudo-estrelas que apostam corridas para ver quem se desintegra primeiro. Eis o que somos: Poeira dos astros que, com luz própria, nos guiam pelas noites e bordam nossos destinos. A gente nasce com uma estrela sangrenta cravada no peito. E na esfera celeste do seu coração formam-se constelações de veias e artérias, mas principalmente — O que passa despercebido — Pequenos coágulos de infinitos. Temos galáxias inteiras intrínsecas no nosso âmago, onde os pedidos se disfarçam de sonhos. Na gravidade quase zero do tempo descobrimos que somos também, dentro do espaço limitado do corpo e sem limites da alma, estrelas buscando outras via - lácteas. Brincando de fazer cosquinha no umbigo do universo, sentindo que nada além do seu próprio importa. Somos velhos supernovos na infinitude mal definida dos céus e incógnitas numa fração do espaço sideral, que procuram o silêncio — Ou o grito — Dos cosmos. Que tentam alcançar o brilho das estrelas quando este sempre esteve em nossas pálpebras, e não somente no céu. Que tentam inutilmente calar o mundo quando o verdadeiro barulho vem de dentro da gente. Somos quem tenta fatiar galáxias escrevendo com lágrimas invisíveis à olho nu: Estrelas que caem do céu pelos nossos olhos, e que fazem simples meteoritos se tornarem um arco-íris iridescente no papel, cortando o céu em poesias cadentes.
Unirversos. “É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela (Friedrich Nietzsche)”