HIPOTENUSA
Sempre tive
Poucas coisas,
E do pouco
Que possuía,
Repartia
Com os outros.
A única coisa
Que tinha
Por ser só minha,
Era o nosso amor,
Mas você rompeu,
Com todos os elos,
Com todos os anelos,
Que nos prendiam.
Até nossas
Alças intestinais,
Que nos uniam
Mais e mais,
Você cortou,
Agora só resta
Como lembrete,
O retículo
E o barrete.
Nosso ílio,
Nosso ísquio,
Nosso púbis,
Não é mais
Nosso sacro.
Não sou mais
Teu micro
Nem teu macro
Sentimento,
Não sou mais
Teu ouro,
Nem teus rubis.
Não és mais
A minha musa,
Nem a soma
Dos quadrados
Dos catetos,
Nem tenho mais
Os direitos autorais
Adquiridos
De ser tua hipotenusa.
Fernando Lucho.