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VENTANIA.

Debaixo daquele imenso pé de castanha
Florido para dar frutos,
Armei meu catre de campanha,
Sentei e abri teu livro
Na página ventania.
Os brutos
No galpão
Cancheavam a pilão,
Ramos verdes de erva mate chimarrão.

De repente tudo virou tapera,
O que era vento
Virou ventania
Que era couro virou tento
O que era menina tornou-se guria,
No céu
Só havia chapéu
Dos tauras que foram ao campo
A mando do patrão colocarem cadeados
Nas porteiras da fazenda para não deixar entrar
A alma dos apaixonados.

Tudo foi envão,
A ventania foi mais forte,
As porteiras escancararam,
O amor entrou na estância,
Os brutos festejaram,
Com a erva nova toda cancheada
Fizeram um chimarrão
Passando de mão em mão,
As gurias colheram flores
Tôdas colhidas do chão,
Levaram para o patrão,
Pediram a ele nunca mais impedir o amor
De entrar pela fazenda.

Assim se passaram os dias
E os anos também passaram,
Hoje no teu livro,
Não existe mais a página ventania,
Tudo na estância é calmaria.
E bem no fundo da sesmaria
Até hoje ainda existe
O velho pé de castanheira,
Sempre florindo para dar flores.

Fernando Lucho.



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