Lá for a está chovendo...
E as nuvens escuras carregadas, aglomeradas;
Torna frágil a luz que atravessa a vidraça;
De onde eu assisto a vida escorrendo lá fora
Apagando as pegadas do passado, transformando o ontem
Em uma paisagem mórbida.
Lá fora está chovendo...
E meu coração encharcado de lembranças, melancolias
Faz-me chorar lágrimas silenciosas, doloridas...
Anoitece, e a chuva continua!
E eu aqui, aprisionada em mim;
Lembrando de sonhos distantes;
Tentando encontrar alguma verdade nas marcas que ficaram,
De tudo que se foi.
Lá fora está chovendo...
E nesse tempo úmido, mergulho num mar de desespero,
Enquanto tento sepultar os medos, as incoerências
No solo frio da minha incredulidade.
Lá fora está chovendo...
E na escuridão, sou apenas uma sombra medrosa escondida;
Que espreita o mundo através de uma vidraça...
Tento desfazer -me da angústia que me consome,
E apagar as cicatrizes que fazem - me lembrar dos sofrimentos
Que aniquilam minhas emoções...
Lá fora está chovendo...
Mas minhas lembranças são desérticas.
Do meu passado só resta vestígios de silêncio.
Queria rebelar essa mágoa, essa saudade que me sufoca!
Acordada nas madrugadas; eu tento encontrar um pouco de paz...
Inconformada; só encontro personagens de mentiras habitando meus sonhos.
E continua chovendo lá fora...
E mesmo assim vejo a vida lentamente renascendo; rasgando a noite...
E o dia se fazendo presente diante dos meus olhos.
Enquanto eu; tento romper o espaço nevoento de um tempo morto,
Que não me esqueço; enquanto permaneço
Feito sombra escondida, medrosa,
Espreitando o mundo através da vidraça;
Assistindo a vida escorrer lá fora
Enquanto cai a chuva!
Fáthima Allves
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