Gravura autêntica da época de Héian, de um "Kappa" - um morador das profundesas de rios e mares. Seres semelhantes foram vistos no Pará. (Revista UFO n° 7, ano de 1989).
As várias criaturas do folclore japonês não incluíam o clássico vampiro sugador. Possivelmente a criatura mais parecida com o vampiro, entre os inúmeros seres mitológicos, era o kappa. Descrito como uma fabulosa criatura das águas - rios, espelhos d'água, lagos e o mar - os kappas se inseriram na cultura japonesa e agora aparecem em ficção, desenhos animados, brinquedos e na arte. Os kappas foram inicialmente descritos, amplamente, no século 18. Dizia-se que pareciam uma criança humanóide nada atraente, com pele amarelo-esverdeada, dedos dos pés e das mãos em forma de teia e um tanto parecidos com um macaco, com nariz comprido e olhos arredondados. Tinham uma concha, parecida com a armadura de uma tartaruga, e exalavam um cheiro de peixe. A cabeça era côncava, retendo água. Se a água de sua cabeça derramasse, o kappa perderia toda a sua força.
Os kappas operavam próximos às águas em que habitavam. Muitas histórias relatam tentativas dos kappas de agarrar cavalos e vacas, arrastá-los para dentro da água e sugar seu sangue através de seus ânus (a tendência principal que deu aos kappas algum reconhecimento como vampiros). Todavia, sabe-se que eles deixavam a água para roubar melões e pepinos, estuprar mulheres e atacar as pessoas em busca de seus fígados. As pessoas acalmavam os kappas colocando os nomes de seus familiares num pepino e jogando-o na água onde os kappas habitavam.
Os kappas eram vistos como parte do cenário rural. Não eram atacados pelos humanos, mas às vezes os kappas tentavam fazer algum acordo com eles. Tal relacionamento foi ilustrado na história "The Kappa of Fukiura". O kappa perto de Fukiura era uma criatura perturbadora até que um dia perdeu um braço tentando atacar um cavalo. Um fazendeiro recolheu o braço e à noite o kappa aproximou-se dele para pedir o braço de volta. Rechaçado à primeira vista, o kappa finalmente convenceu o fazendeiro a devolver o braço, prometendo que nunca mais machucaria nenhum dos aldeões. Daquele dia em diante, conforme relatam os moradores, o kappa os alertaria dizendo: "Não deixe as crianças irem até a praia, pois o convidado está chegando". O convidado era outro kappa não-comprometido com o acordo do primeiro de Fukiura.
Outra história popular dos kappas dizia respeito a uma pessoa que morava no Lago Pond. Um homem deixou seu cavalo amarrado beira do lago. O kappa tentou arrastar o cavalo para a água, mas este disparou para casa. O kappa derramou sua água, perdeu sua força e foi carregado até o estábulo. Mais tarde, o homem encontrou seu cavalo junto com o kappa. Capturado num estado de fraqueza, o kappa fez um trato com o homem: "Se você preparar uma festa na sua casa, eu certamente lhe emprestarei as tigelas necessárias". Daquele dia em diante, todas as vezes que o homem se preparava para dar uma festa, o kappa trazia as tigelas. Depois da festa as tigelas eram postas do lado de fora da casa, de onde o kappa as recolhia.