A fúria do vulcão
O vulcão que se agiganta na savana,
ameaçador,
ensurdecedor,
senhor,
faz estremecer os alicerces da choupana
que se supunha um castelo forte.
Há o prenúncio da tragédia de sul a norte.
Aos ares anuncia, escancarada, a fumaça,
as lavas queimando as entranhas,
devorando-as feito traças,
gulosas, estranhas,
emergentes,
urgentes,
incandescentes.
É o momento temido,
proibido.
Aves voam em algazarra apavorada
debandada apressada,
rumo à fuga, ao nada.
Animais fogem assustados,
coitados,
acuados.
Onde a arca de Noé?
No vale, só sapé.
A angústia se aproxima
felina,
em surdina.
E chorando, a menina,
asas desejaria ter.
Mas, grudados seus pés no chão,
não há como fugir nem morrer.
Somente enfrentar
e suportar
a fúria do vulcão.
Pobre alma, menina acuada,
aprisionada
num corpo em erupção.
Lídia Sirena Vandresen